domingo, 5 de fevereiro de 2012

A abertura de "Os homens que não amavam as mulheres" é um dos destaques do filme



Muitos cineastas se preocupam em inovar na abertura de seus filmes para que sejamos fisgados pela história desde o começo. Outros preferem manter-se fiéis ao fundo negro e simples, enquanto os créditos com os nomes do elenco e da produção desfilam diante de nossos olhos. No primeiro caso, temos David Fincher e no segundo Woody Allen, só para ficar com um exemplo.

O diretor do novo “Os homens que não amavam as mulheres” criou um videoclipe bastante interessante para a abertura de seu filme. Assim, logo de cara, somos brindados com um vídeo obscuro e estranho que antecipa os temas que veremos no decorrer da projeção. Formas humanas são envolvidas por uma tinta negra que nos remete ao petróleo e essa mesma tinta vai percorrendo todo o espaço da cena, incluindo as teclas de um computador. São cenas macabras, estranhas, violentas que nos preparam de alguma forma para o que vem pela frente. (E olhe que não é pouca coisa). No meio disso tudo, um fósforo ateia fogo em tudo criando imagens que entram em plena combustão. Conectores de computadores, pessoas amordaçadas, um pássaro em chamas, flores negras com o miolo composto de pregos e insetos desfilam sobre a tela num verdadeiro espetáculo macabro. Tudo ao som de “Immigrant Song” regravação de uma música do Led Zeppelin, agora em versão de Karen O (vocalista do grupo Yeah, Yeah, Yeahs), Trent Reznor e Atticus Ross, esses dois últimos responsáveis pela trilha-sonora do filme.

Tanto o fogo quanto a tinta negra são signos importantíssimos para entendermos o tom pesado concedido ao filme. Lisbeth, a personagem principal, carrega uma bagagem de vida bastante dramática e difícil. É constante em seus olhos as sensações de medo, raiva, vingança e dor. E não podemos esquecer que ela carrega no corpo um dragão tatuado nas costas. Tem símbolo mais forte para representar a cicatriz (aqui no sentindo metafórico das marcas que a vida nos causa) e a dor do que uma tatuagem? A tinta negra representa o seu lado mais sombrio, a personagem é uma hacker que vive escondida por trás de um computador investigando a vida alheia como se fosse uma sombra e acaba por transformar a sua dor em combustível para solucionar a dor do outro. As chamas representam a raiva, o desejo de vingança, a revolta com o mundo. Uma das melhores partes do videoclipe é uma coreografia de mãos negras que cobrem um rosto. Seria uma provocação com o público que em breve assistirá cenas impactantes? A cena do estupro de Lisbeth é de causar mal-estar em qualquer espectador e dividiu a opinião do público.

Para quem ainda não sabe, David Fincher antes de se tornar um cineasta conceituado no cinema americano realizava videoclipes para grandes nomes da música. Nomes como Madonna, Michael Jackson, Paula Abdu, George Michael, Rolling Stones e Aerosmith já recorreram aos serviços do diretor. Uma de suas marcas nesses vídeos musicais era a qualidade visual de sua realização. A cantora Madonna foi considerada revolucionária da estética dos videoclipes mas não fez tudo sozinha, David Fincher estava nos bastidores contribuindo para isso. Essa herança visual do início de sua carreira foi muito bem aproveitada quando resolveu ingressar na carreira de diretor de longas-metragens. David Fincher não entrega um filme sequer que não dê atenção máxima à estética, sempre com o comprometimento de ajudar a contar uma história e não só como subterfúgio para esconder superficialidades. Assim fomos apresentados a várias obras de impacto visual bastante interessantes como “Seven”, “O curioso caso de Benjamin Button”, “O quarto do pânico”, entre outros.

Veja também a abertura de "Seven" filme que projetou David Fincher à fama. O clipe é tão macabro e sádico quanto o de seu novo filme.

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