segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Momentos marcantes do cinema em 2011

Agora, falta pouco para o ano acabar. E como é de praxe nessa época, chegou a hora de produzir as listinhas de melhores e piores do ano. Aqui registro dez momentos que marcaram o cinema de 2011. Sejam bons ou ruins, são momentos que fizeram história e vale a pena relembrá-los.

10- A FORÇA DO CINEMA COMO INSTRUMENTO DE EXPRESSÃO

O cineasta Jafar Panahi escreveu alguns roteiros e queria filmá-los. O problema é que ele vive no Irã, um país que reprime a liberdade de expressão de seus cidadãos. O cineasta tentou enfrentar o status quo iraniano e acabou condenado a seis anos de prisão além da proibição de filmar por vinte anos. Antes da condenação sair, ainda em prisão domiciliar, Panahi teve a ideia de fazer seu filme com uma câmera de celular, mas não seria um filme comum e sim a encenação do que poderia ser o filme. Com o acesso irrestrito às tecnologias, ficou fácil para qualquer um fazer filmes, mesmo que de baixa qualidade, no entanto, enquanto uns a utilizam para fazer bobagens que tem milhares de acessos no YouTube, outros a utilizam para expressar a mais dura realidade de um país. "Isto não é um filme" revela a força da arte de fazer filmes como intrumento para dar voz aqueles os quais o direito de se expressar foi proibido.



9- O lIXO VIRA ARTE E ENCANTA O MUNDO

No início do ano todo mundo se surpreendeu com a indicação de "Lixo Extraordinário" ao Oscar de melhor documentário. Dirigido por João Jardim, Lucy Walker e Karen Harley, esse trabalho mostra as intervenções do artista plástico Vik Muniz no aterro de Gramacho, o maior da América Latina localizado em Duque de Caxias no Rio de Janeiro. O artista pretendia fazer sua arte com os materiais recicláveis e acabou por aprofundar sua relação com os catadores do local. Filmes que exploram uma "estética da pobreza" são bastante perigosos, porém, "Lixo Extraordinário" conseguiu se destacar e foi reconhecido no mundo, mostrando o quanto a arte pode modificar as pessoas mesmo em situações de vida consideradas precárias e desumanas.


8- A POLÊMICA DO FILME SÉRVIO

Todo mundo sabe que polêmica vende. E nesse quesito, o filme sérvio "A Serbian Film: Terror sem limites" saiu na frente. Programado para ser exibido no Festival do Rio, acabou sendo censurado pela justiça por conter cenas de violência explícita. A banalização da violência do filme inclui fortes cenas de sexo, suicídio, mutilação e até pedofilia. O filme conta a história de um ator pornô decadente que aceita um trabalho num filme de terror no qual o cineasta está disposto a tudo para realizar as cenas mais realistas e impactantes do cinema. O filme levantou discussão sobre a censura no Brasil. Muitos grupos artísticos defensores da liberdade de expressão foram contra a censura imposta ao filme. Mas, segundo a crítica especializada, o filme fez muito barulho por nada, afinal ele é bastante ruim e só conseguiu espaço na mídia devido a polêmica.


7 - O CINEMA BRASILEIRO CONTINUA CRESCENDO EM NÚMEROS

O cinema brasileiro lançou um número recorde de filmes em 2011. Prova de que está crescendo a passos largos. Em 2011 teve espaço para todo tipo de filme. Assistimos a filmes de apelo mais comercial como "Bruna Surfistinha", filmes cheios de efeitos especiais como "O homem do futuro", a comédia rasgada "Cilada.Com" e a adaptação para as telas da história do maior assalto já ocorrido no Brasil em "Assalto ao Banco Central". Também vimos filmes que foram elogiadíssimos pela crítica, entre eles, "O Palhaço" novo filme de Selton Mello como cineasta, "Trabalhar cansa" que trouxe o cinema de terror de forma diferenciada para a cinematografia brasileira e "Bróder" estrelado por Caio Blat em atuação impressionante. Além disso, estrearam outros tantos filmes que muita gente não teve o mínimo acesso ou interesse. Se são filmes bons ou ruins, isso não vem ao caso. O que importa aqui é que o cinema brasileiro tem trilhado o seu caminho na intenção de estabelecer público nas salas e se fazer forte mesmo diante da concorrência desleal com os filmes norte-americanos.


6- A MORTE DE ELIZABETH TAYLOR

Elizabeth Taylor foi uma das grandes divas do cinema americano nos anos 50 e como toda grande diva teve uma vida bastante tumultuada. Envolveu-se com drogas e álcool, foi internada várias vezes em clínicas de reabilitação e casou-se sete vezes. Apesar dos altos e baixos da vida pessoal, artisticamente atuou em mais de 50 filmes e ganhou dois oscars. Entre seus filmes mais famosos estão "Um lugar ao sol" (1951), "Assim caminha a humanidade" (1956), "Cleópatra" (1963), e os dois filmes com os quais ganhou o Oscar de melhor atriz: "Disque Butterfiel 8" (1961) e "Quem tem medo de Virgínia Woolf?" (1967). Morreu em 2011 em decorrência de uma insuficiência cardíaca, mas deixou para trás um legado artístico e uma história de vida inesquecíveis.

Outras perdas irreparáveis de 2011 foram: a morte do crítico de cinema e fundador da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo Leon Cakoff e do cineasta Sidney Lumet que dirigiu os filme "Serpico" e "Um dia de cão".


5- LARS VON TRIER FOI BANIDO DE CANNES

O diretor dinamarquês se meteu numa baita saia justa nesse ano. Indicado nove vezes à Palma de ouro de Cannes e vencedor de uma pelo filme "Dançando no escuro", o cineasta fez comentários nada simpáticos durante a coletiva de imprensa do lançamento do filme "Melancolia". Na entrevista ele disse que simpatizava "um pouco" com Hitler provocando o espanto de todos que lá estavam presentes. As declarações do cineasta o tornaram 'persona non grata' e ele foi banido do Festival de Cannes. Após os acontecimentos, o diretor pediu desculpas afirmando não ser nazista e, mas tarde, definiu que nunca mais dará entrevistas. Na minha opinião, "Melancolia" foi um dos melhores filmes do ano 2011 e o diretor, com tanto talento, não precisava criar essa polêmica desnecessária.


4- NATALIE PORTMAN

O ano de 2011 começou com a consagração de Natalie Portman que acabou ganhando o Oscar de melhor atriz por sua atuação em "Cisne Negro". O filme encontrou ressonância entre o público, e entre a crítica o antagonismo de opiniões prevaleceu. Depois do sucesso nas bilheterias, correu o boato de que a maior parte das cenas do filme tinham sido feitas por uma dublê e não pela atriz Natalie Portman. Porém, seja essa informação verdadeira ou falsa, foi muito mais pela expressão de desespero e loucura estampados no rosto da atriz do que por ter executado passos perfeitos de uma bailarina que Natalie Portman ganhou vários prêmios, incluindo o Oscar.


3- OSCAR 2011

O Oscar 2011 ficou dividido entre premiar um filme ultracontemporâneo "A Rede Social" de David Fincher e um filme ultraconservador "O Discurso do Rei" de Tom Hooper. Os dois filmes dividiram a opinião dos votantes da Academia. Venceu o conservadorismo. O Oscar preferiu premiar um filme aos moldes antigos: filme de época, com cenários belíssimos e mensagem de esperança e não um filme moderno, com cenários de universidades e empresas de tecnologia e com mensagem que refletia a atual condição dos jovens de hoje em dia. Não que "O Discurso do Rei" seja ruim, pelo contrário, é um filmaço. Mas a Academia de Cinema de Hollywood perdeu a grande chance de inovar e ousar, caso "A Rede Social" tivesse sido laureado.


2- O BRASIL FICOU NA MODA

O Brasil nunca foi cenário para tantos filmes americanos. A animação "Rio" do brasileiro Carlos Saldanha foi o primeiro a chegar aos cinemas e foi um dos grandes sucessos do ano. Depois, ainda vimos o Brasil estampando o fundo das cenas de "Velozes e furiosos 5" e em seguida de "Amanhecer - Parte 1" o mais novo filme da saga adolescente "Crepúsculo". Se isso não é estar na moda... O Brasil já não é mais visto como um lugar inóspito povoado por cobras monstruosas (lembra de "Anaconda"?), mesmo assim, ainda persiste na representação do país a imagem de lugar paradisíaco e refúgio de bandidos e de um povo alegre e festeiro o qual todos os problemas são resolvidos na base do samba. Quem é brasileiro de verdade sabe que não é bem assim.


1 - O FIM DA SAGA HARRY POTTER NO CINEMA

Na cultura pop nenhum filme foi mais comentado do que a última parte do filme Harry Potter. Nem gosto tanto dos filmes, mas como fenômeno cinematográfico foi algo sem precedentes. A adaptação para o cinema da série de sete livros da escritora inglesa J.K Rowling foi tão badalada quanto cada lançamento de seus livros. O filme chegou à sua oitava parte, após sete filmes bem-sucedidos, e fez uma geração de jovens chorar com o derradeiro momento da série. "Harry Potter e as Relíquias da morte: Parte 2" arrecadou mais de um bilhão nas bilheterias tornando-se o filme mais assistido do ano. Por ter contribuído significativamente para a formação de novos leitores mundo afora e ter marcado uma geração de crianças e adolescentes, o filme ganha destaque nessa lista.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Os números não mentem e confirmam: a cultura do entretenimento vazio está dominando o mundo

O título deste post nada tem a ver com a numerologia. Surgiu em minha mente a partir da observação do ranking das maiores bilheterias do cinema em 2011. Entre os dez filmes que mais arrecadaram grana, nove são continuações, e o outro, digamos, uma releitura (Smurfs). Conclusão: na listagem dos filmes mais vistos, mais comentados e mais adorados não há um único filme sequer original. Ou seja, não há espaço no cinema atual para a novidade. Sabemos que a originalidade é um "bem cultural" em franca decadência. No entanto, ainda me assombro quando vejo que o espaço para filmes inteligentes está cada vez menor.

O que comento aqui, não é se os filmes em questão são bons ou ruins, se valem à pena ou não, se são divertidos ou tediosos...Não é isso! Reclamo aqui da generalização da cultura do entretenimento vazio. Não há muito espaço para filmes que nos façam pensar e quando isso acontece o filme simplesmente fica restrito a guetos culturais e festivais, e ainda sai rapidamente de cartaz antes de conseguir ao menos fazer algum público. Há muito tempo, e não é de hoje, que Hollywood, a indústria mais poderosa de cinema no mundo, descobriu que fazer filmes com foco em crianças e adolescentes renderia muito mais do que se focasse em outros grupos. Não é à toa a presença de tantas animações entre os mais vistos. É lógico, um filme fantástico, por exemplo, não só leva o jovem para o cinema, leva também seus irmãos mais novos, o namorado ou a namorada, os pais que muitas vezes acompanham seus filhos menores, os tios e as tias, os avós, a galera do colégio... Enfim, um programa família é muito mais lucrativo. Mas ainda assim acredito que um filme "família" não necessariamente tenha que fazer o público de idiota.

O que vejo predominando é um esvaziamento total de qualquer tipo de reflexão. A impressão que tenho é que o público está cada vez menos exigente. Assiste qualquer coisa que uma boa campanha de marketing lhe diz ser boa. O perigo é que a arte cinematográfica na atual conjuntura está contribuindo cada vez mais para que os jovens se tornem mais alienados, idealizadores de formas de vida cada vez mais distantes da vida real, superficiais criticamente e vazios de conteúdo.

Os números são assustadores. Muitos desses longas-metragens passaram da marca dos bilhões. Muitos poderão defender a tese de que se os números são tão altos é porque algo de bom deve ter nesses filmes para atraírem uma horda de fãs. Eu me questiono sobre isso e desconfio de quem tem tal discurso. Se os números estão ali para refletirem o gosto do povo é mais uma prova de que o grande público está cada vez menos crítico em relação ao que tem consumido. Pois não acredito que histórias cheias de clichês, roteiro fraco e repetitivo e atuações idem possam ser qualificadas como boas por tanta gente.

Cinema é uma arte de entretenimento também, não há como negar. Mas não pode ser só isso. Eu também gosto de entrar numa sala escura e apreciar um bom filme "comercial", seja de que gênero for, mas seria tão bom se ao menos metade dos filmes exibidos tivessem algum lapso de inteligência. Afinal, nem todo filme para ser entretenimento precisa se apoiar em explosões contínuas, efeitos especiais exageradamente desnecessários, mundos encantados, jovens bombados metidos à galã, bichinhos coloridos falantes, casais insossos com sorriso colgate irritante, piadas forçadas etc, etc, etc. Mais uma vez reitero o que estou dizendo aqui, não há problema em se deliciar com filmes descompromissados, o problema é quando isso vira regra.


Para terminar a derradeira lista dos dez filmes mais assistido de 2011:


1- Harry Potter e as relíquias da morte - 1 bilhão 328 milhões

2- Tranformers: O lado oculto da lua - 1 bilhão 123 milhões

3- Piratas do Caribe: Navegando em águas misteriosas - 1 bilhão 043 milhões

4- Amanhecer - Parte 1 - 698 milhões

5- Kung Fu Panda 2 - 665 milhões

6- Velozes e furiosos 5: Operação Rio - 626 milhões

7- Se beber, não case 2 - 581 milhões

8- Smurfs - 563 milhões

9- Carros 2 - 551 milhões

10- Rio - 484 milhões


Hollywood com os cofres cheios de grana e você com a mente mais vazia. Pense nisso!

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Retrospectiva do cinema 2011

Como estamos em ritmo de fim de ano nada melhor do que dar uma olhada nos 230 filmes que entraram em cartaz nos cinemas em 2011. É claro que aqui, temos uma lista que vangloria o cinema norte-americano, mas apesar da mediocridade, que nas últimas décadas entranhou-se nas artes como um todo, ainda há muita coisa aproveitável.

Ponto de partida

Alô, alô...Um, dois, três...Testando...

Começa aqui um novo blog sobre cinema.

Sejam bem-vindos!!!